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Terapia ABA

Sei que sempre posto aqui às segundas-feiras, mas os últimos 15 dias tem sido uma loucura por aqui, com todo mundo super mega gripado e hoje, com direito ao pequeno com benzetacil e tudo. Mas fiquei pensando e decidi vir escrever para não deixar passar o momento.


SENTA QUE LÁ VEM TEXTÃO! E SEM IMAGENS!


Postei algumas poucas vezes sobre a terapia que estávamos fazendo com o Matheus, que era o ABA. Iniciamos em julho/2016 e paramos em fevereiro/2018. Vou contar um pouco da nossa experiência pra vocês.


Quando eu e meu marido ouvimos que o Matheus pudesse ser autista, ficamos paralisados. Nenhum de nós tinha o menor conhecimento sobre autismo; a visão que tínhamos era daquela pessoa que se balança o tempo todo e batia a cabeça. Só isso. Não tínhamos a menor noção da complexidade do autismo e do que nos esperava mais pra frente. Tendo em vista isso, não tínhamos a menor noção de onde começar. Nosso pediatra nos indicou um neuropediatra, que somente indicou para o Matheus, fazer fono. Começamos e não gostei, paramos depois de uns 2 meses e não voltei mais naquele neuro. Depois recebemos indicação de outro neuro, que nos disse que o Matheus se enquadrava no TGD (Transtorno Global do Desenvolvimento) e não era autista, pois ele fazia contato visual e gostava do toque físico, sendo carinhoso. Mais uma vez, tomei aquilo como verdade e que ele devia mesmo ter um atraso na fala. Começamos com a psicoterapia, que era na linha psicanalítica e alguns meses depois, com a primeira fono. Mas vou focar somente na psicoterapia neste relato.


Permanecemos com a mesma psicóloga por anos: o Matheus começou com ela com 3 anos e 8 meses, aproximadamente e ficou com ela até os 8 anos e 10 meses. Ela não tratava só dele, mas de mim e do meu marido ao mesmo tempo. Ela iniciou as sessões somente com o Matheus, como é o padrão da terapia. Passado algum tempo, ela mudou de endereço e passou a permitir que a gente entrasse junto com ele na sala, até ele se ambientar, mas ele passou a ser atendido 2X na semana ao invés de 1X como antes, sendo um dia eu indo e o outro, meu marido. Como nós entrávamos junto na sessão, observávamos o que acontecia, como ela conduzia as situações e nos orientava em como fazer com ele. Nos acalmava quando nos percebia mais tensos ou preocupados e tudo transcorreu muito bem.


Até recebemos uma demanda da escola, de que precisavam de orientação de como agir com ele em alguns momentos e ela não dar esse suporte, alegando o sigilo no atendimento clínico e orientando no que sua conduta profissional permitia. Mas a escola alegava que só poderia continuar oferecendo o melhor ao Matheus, diante de orientações profissionais mais próximas e nos indicou uma psicóloga que trabalhava com o ABA e que atendia um outro menininho que estudava lá. Deram ótimas referências dela e do trabalho, eu e meu marido conversamos em casa e depois de muito refletir, decidimos apostar no tal do ABA, que não tínhamos nenhum conhecimento. Fizemos uma entrevista com a psicóloga, conversamos com a que nos atendia há tanto tempo e comunicamos o desligamento, que foi feito de forma gradativa para o Matheus.


Então, começávamos com o aprendizado do ABA e comigo me tornando a aplicadora do meu filho. Não tínhamos como pagar as sessões de supervisão e uma aplicadora junto e também eu queria estar próxima do meu filho e ter esse conhecimento para mim e para ele. Naquela época, ele fazia TO e tivemos de interromper pois não tínhamos como pagar tudo. Apostamos tudo no ABA e em todos os programas que precisavam ser aplicados no Matheus para que ele progredisse, tanto academicamente, como individualmente.


O início foi bastante denso, com muitos programas a serem aplicados e eu totalmente inexperiente e insegura, mas aos poucos, fui pegando o traquejo e a aplicação foi sendo menos difícil. Eu ia semanalmente ao consultório para passar tudo o que foi aplicado, o que ele conseguia ou não fazer/responder e o que ele estava pronto, íamos mudando. Ela me passava o que era para ser feito e eu produzia os estímulos visuais, quando necessários (e quase sempre eram). Eu gostava de procurar as melhores imagens para ele, as que melhor demonstrassem o que era proposto e cheguei a ouvir dela que eu poderia ser uma aplicadora e que eu me daria muito bem nessa função. Cheguei mesmo a pensar nisso por alguns momentos, mas não fui a fundo pois pela minha rotina, isso não seria possível.


O primeiro ano foi de muito aprendizado e trabalho e o Matheus parecia aceitar e se desenvolver bem com esse método. Foi então que, de repente, tudo mudou da água para o vinho. Aquele menino que sempre foi carinhoso, doce e que demonstrava quando estava descontente, irritado ou contrariado, com um pequeno beliscão, se tornou um menino agressivo com os outros e consigo mesmo. Essa agressividade só foi aumentando até chegar a proporções inimagináveis e incontroláveis, de forma que ninguém do convívio dele, pudesse imaginar. SEM EXAGEROS.


Ainda estamos lidando com isso, essa fase dura ainda não passou. Eu tenho dentro de mim, uma explicação para tudo isso ter acontecido, mas não vou expor. O outro lado não está aqui para ler e/ou se explicar ou defender e somente expor um lado da situação, não é correto. O meu intuito em escrever este textão, era outro. Quis relatar o que houve conosco e dizer, como em uma outra postagem sobre terapia (ver posts relacionados), é que não existe terapia certa ou errada, melhor ou pior. O que se ouve no caso do autismo, é que somente a terapia ABA é indicada e que funciona para eles. Para o Matheus, não funcionou. Não estou dizendo que não funciona e que é uma porcaria, longe de mim. Mas estou dizendo que somente as pessoas que convivem de perto com a criança (família, cuidadores, escola) é quem têm propriedade para falar dela, em todos os aspectos: comportamentais, emocionais, linguísticos, medicamentosos.


Profissionais, fica o alerta: se a família está levando uma queixa ouça com atenção e não menospreze a fala dessas pessoas. Sabemos que vocês estudaram para estar na posição que ocupam, mas simplesmente falar da teoria sem levar em conta a prática de quem convive com a criança, não vai levar a lugar algum. Ou melhor vai sim; mas não para o lugar esperado por todos.

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