Ecolalia
Novamente estava eu pensando sobre o que escrever, e aqui está o tema: ECOLALIA.
Nunca estudei a fundo sobre o assunto, mas vivo na prática e quis escrever sobre isso. Olhei rapidinho na internet e descobri que há vários tipos de ecolalia. Pra mim, o significado era simplesmente o que está na imagem acima, uma repetição de palavras que se ouve.
Há alguns dias, uma amiga conseguiu traduzir o que eu nunca consegui explicar: o Matheus fala, mas não conversa. Ele sabe falar, apesar de trocar letras e as vezes, entender coisas de forma diferente do que falamos, mas a comunicação dele não é muito efetiva, pois não há muita possibilidade de diálogo. Explico com um exemplo:
"Matheus, o que você fez na escola hoje?"
"Escola hoje."
Ele basicamente repete o que falamos. Quando consegue processar o que ouviu, ele responde com uma palavra única, sem formar uma frase completa. Outro exemplo:
"Matheus, o que você fez na escola hoje?"
"Lanche."
Agora pensando nesses "diálogos", li uma coisa interessante que segue a imagem agora:
O Matheus apresenta esses dois tipos de ecolalia. Numa conversa, ele repete o que falamos e depois processa para poder responder, quando consegue. Mas ele fica o dia inteiro, repetindo coisas que vê/ouve na televisão, nos vídeos que assiste, jogos, etc. Tem coisas que ele fala as vezes, de desenhos que ele assistia quando pequeno e ainda se lembra. E aí resgata isso em vídeos no youtube. Uma coisa puxa outra e ele vai resgatando outras coisas e a ecolalia só vai aumentando. Às vezes, fica meio desesperador de tanto que ele repete coisas e vemos a fala ser tão pouco funcional para se comunicar efetivamente.
Na época do ABA, a terapeuta dizia que os eletrônicos devem ter seu tempo de uso MUITO diminuído ou extinto da rotina dos autistas, pois potencializa a ecolalia e diminui a chance de comunicação. Isso faz sentido, mas o problema é tirar totalmente o eletrônico deles, quando gostam muito. Ou ainda, combinar horários de uso, já que isso fica meio abstrato pra eles. Dizendo pelo Matheus, por mais que eu escreva, desenhe ou mostre em um relógio o horário ou o tempo passando, é muito distante do entendimento dele e isso geraria mais frustração e irritação nele. Ainda não consegui encontrar uma forma de reduzir o uso do eletrônico, apesar de já ter conseguido retirar totalmente da rotina dele por alguns meses. A forma que ele se encontra hoje, não permite (pelo menos por enquanto), que a gente mexa em muitas coisas na rotina, mas quando percebermos que ele está estabilizando novamente, voltaremos a tentar.
Deixo aqui, uma última imagem que encontrei nas minhas buscas e que deixa uma reflexão:
Talvez a ecolalia venha num primeiro momento, enquanto eles pensam na resposta, faz sentido. Pode ser também que eles não saibam a resposta e então repetem o que ouvem para ganhar tempo ou simplesmente repetem para não ficar no silêncio. Não dá pra saber. O que podemos pensar é que cada um tem sua forma de agir e reagir a todo tipo de estímulo e devemos respeitar os limites de cada um. O Matheus tem potencial para desenvolver mais a sua fala e estamos tentando desde sempre. Tem dias em que ele demonstra mais vontade e capacidade e é mais animador, mas tem outros em que ele está mais fechado e não tem jeito de entrar no mundinho dele. Tentamos até onde percebemos que é o limite dele e então, respeitamos o momento para tentar depois.
O mais importante de tudo, é saber que a ecolalia existe, pode se manifestar em diversos graus e de maneiras diferentes e todas fazem parte do TEA. É possível lidar com ela dentro dos limites de cada um e sabendo que ela não vai desaparecer. A ecolalia sempre irá existir, mas podemos lidar com ela de uma forma diferente, já que é uma forma deles se autorregularem, quando sentem necessidade, como nas estereotipias - que fica como próximo tema ;)