Desabafo angustiado e esperançoso
Sabe quando você está passando por um momento difícil? Então pense em uma avalanche se aproximando ao mesmo tempo e parecendo te levar junto e que nada mais terá solução. Pois é esse momento que estou vivendo e comentei um pouco no post anterior. Eu precisava refletir, esfriar a cabeça e tentar pensar de forma mais centrada e racional, mas também precisava escrever como forma de desabafo e para compartilhar com todos, o que passamos.
O Matheus iniciou terapia psicológica e fonoaudiológica aos 3 anos de idade e hoje com 10 anos, já passou por vários profissionais. Aprendi que se o tratamento não fizer mais efeito ou sentido, precisa ser revisto e reformulado e se isso não for possível com o mesmo profissional, então que outro seja buscado, para que o tratamento seja feito em adequação às necessidades da pessoa. Pois bem. Estamos passando por uma mudança terapêutica (psicológica), mais uma vez. A fono nós mudamos em agosto de 2017. A psicóloga, mudamos no fim de fevereiro e estamos mudando de novo. Isso é algo que me deixa angustiada, mas eu precisava desabafar e tentar me sentir melhor. Agora passado o impacto, consigo respirar e me concentrar para escrever.
Desde bebezinho, o Matheus sempre foi muito carinhoso, sempre gostou de colo, de abraço, de sentir a pele do outro nesse abraço. Ele foi crescendo e essa característica permaneceu, desmistificando a fala de que "os autistas não gostam de contato físico". É certo que como ele não conseguia se expressar verbalmente, a forma de demonstrar contrariedade ou nervoso, era beliscando. Mas eram beliscões fracos, nada que machucasse, mas sempre explicamos que ele não deveria fazer aquilo. A terapeuta da época também dizia ser importante nomear os sentimentos a ele.
Quando mudamos de profissional e de linha terapêutica, esse tipo de fala precisou ser interrompido. Eu sentia que aquilo ficava vago, incompleto, mas fomos seguindo durante 1 ano e meio, até que o Matheus começou a se tornar muito agressivo. E essa agressividade só foi crescendo, sem sabermos lidar com isso, sem conseguirmos retomar o padrão de normalidade que ele sempre teve, sem orientações que funcionassem. Ficamos perdidos. Ele se desestabilizou de uma forma tão grande, que precisou ser afastado da escola e do convívio com amigos e professores. Essa foi a primeira grande mudança que ocorreu aqui, no final de fevereiro agora. Eu e meu marido entendemos a posição da escola, pois o Matheus passou a ser um risco para todos, inclusive para ele mesmo... Foi muito triste lidar com isso, mas estamos enfrentando e batalhando para melhorar.
Foi nesse meio que recebemos a indicação de outra profissional, que fomos conhecer, tivemos uma conversa inicial e resolvemos apostar nela. Estávamos precisando de ajuda urgente e ela parecia ter aparecido no momento certo. Oras, por que não tentar? E foi aí que aprendi mais uma coisa: prestar mais atenção e atender a minha intuição. Eu não senti confiança nela logo de cara, não sei explicar o motivo. Mas havia a pessoa que indicou, super de confiança, super próxima, então não dei ouvidos a mim mesma, não dividi isso com meu marido e embarcamos juntos nessa. Não quero detalhar o que houve, mas foi um desastre total. A conduta dela com meu filho, foi totalmente em desacordo com o que eu sempre aprendi e sempre ouvi. Para fazer o que ela fez, eu mesma faço, sem necessidade de pagar pra ninguém me ensinar. Foi uma experiência terrível para mim e para o Matheus, fiquei muito abalada, chorando de desespero e a única coisa que conseguia pensar era: NÃO QUERO MAIS QUE MEU FILHO TENHA TERAPEUTAS. NÃO QUERO MAIS QUE MEU FILHO VÁ PARA A ESCOLA. NÃO QUERO MAIS QUE MEU FILHO TOME REMÉDIO. VOU VIVER COM ELE DENTRO DE CASA E FAZER O POSSÍVEL PARA O DESENVOLVIMENTO DELE.
Meu recado para você que está lendo este textão, é: confiem nos seus instintos, nas suas intuições e opiniões. Não é porque alguém indicou algum profissional que você é obrigado a ser atendido por ele. Não é porque determinado problema tem indicação de tal terapia, que você é obrigado a fazer essa terapia. Não é porque alguém toma determinado remédio e você sente algo parecido, que vai tomar esse mesmo remédio e vai fazer efeito.
A melhor terapia, o melhor remédio, o melhor caminho, é aquele que funciona para AQUELA pessoa. Todos somos seres singulares, únicos, não tem como generalizar características e opiniões. Todos podem se respeitar, conviver e amar, tendo opiniões diferentes e TUDO BEM! Meu texto de hoje é uma reflexão a mim mesma e convido a que mais quiser refletir. Sozinho, comigo, com quem quiser. Mas saber refletir é muito importante em tudo nesta vida. Precisamos ser amparados de vez em quando, precisamos trocar opiniões, precisamos de um abraço. Mas as vezes, só precisamos de um tempo conosco mesmos para colocar a cabeça no lugar e retomar a vida.
Voltamos a buscar uma nova terapeuta para o Matheus, mantendo as razões para acreditar que tudo vai dar certo e nossos dias voltarão a brilhar felizes, como devem ser! Eu só quero que meu filho seja feliz, nada além disso. Se ele estiver feliz, eu estarei infinitamente mais.