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Felicidade é...

Estou tentando escrever este post há muitos dias, mas o servidor não estava colaborando comigo e com a correria, acabei deixando passar. Mas hoje eu vim!


O que vou escrever hoje não tem muito a ver com o assunto do espectro autista em si, mas sobre como podemos lidar com o turbilhão de pensamentos e sentimentos que temos quando esse diagnóstico chega. Não é fácil receber esse diagnóstico e você começa a pensar o que sabe do autismo. Eu tinha somente a imagem da pessoa se balançando e se batendo e totalmente alheia ao mundo, mas entendi que essa é uma imagem bem equivocada! Graças a Deus, né?


Ouvir de um profissional "Talvez seu filho seja autista", é como cair num buraco fundo e escuro e ter a certeza que você nunca mais vai sair de lá. "Como assim, meu filho lindo, que bate palminhas, que brinca com as rodinhas do carrinho, é autista? Ele só tem um jeito diferente de brincar com os amiguinhos e a fala dele virá no tempo dele, ele é preguiçoso só." Essa é a negação, primeiro ponto que vivemos após o diagnóstico ou possível diagnóstico. Depois de enxergar a dura realidade, vivemos o luto. Luto daquele filho idealizado, que vai ser foto do shampoo Johnson´s, estrela de comercial e profissional brilhante quando adulto. E somente aos poucos, vem a aceitação da realidade e quando caímos na real, queremos dar conta de tudo correndo! Precisa de terapias múltiplas, acompanhamento escolar e ZERO expectativas futuras. ZERO! Esperança e fé são diferentes de expectativas. Não dá mais pra fazermos tantos planos a longo e médio prazo, pois não sabemos como serão os avanços da criança, né? Não dá pra depositar nele e nos profissionais todos, a confiança extrema de que tudo vai dar certo e aqueles traços de autismo vão desaparecer e a criança vai parecer normal, como qualquer outra. Autismo não é doença, portanto, não tem cura.


Vamos aprendendo a valorizar pequenas coisas que com certeza passariam despercebidas em uma criança com desenvolvimento típico, mas também aprendemos a dosar essas pequenas coisas, pois nem todas são pequenas e nem todas são tão grandes que precisem ser supervalorizadas. Quase sempre, acabamos subestimando as habilidades desses pequenos, achando que não sabem tal coisa, mas na verdade, sabem muito bem. Na terapia do Matheus, a nossa terapeuta lançou a pergunta para eu trabalhar com ele "Qual animal dá leite?" Na mesma hora eu disse a ela que ele não ia saber. Ela me olhou feio e trabalhando em casa, logo na primeira vez, ele me respondeu de cara "vaca"! Por outro lado, fomos trabalhar imagens de coisas iguais e diferentes, que eu pensei que seria super óbvio, mas que ele tem super dificuldade!


Mas o que eu queria mesmo dizer é que quando eu passei por tudo o que já passei (e ainda passo), não tinha ninguém que eu pudesse conversar. Eu só ouvia "O Matheus não deve ser autista não, ele faz tal coisa igual meu filho ou minha filha", ou "Ele vai falar, deve ser mais preguiçoso mas logo ele fala". E nunca conheci ninguém com autistas na convivência, então não tinha com quem conversar MESMO. Hoje, quando alguém me procura pedindo uma ajuda, querendo conversar, ter uma opinião ou ouvir um pouco da nossa vivência, devo dizer que me sinto imensamente feliz em poder ajudar! Sei o quanto isso é importante para quem está vivendo a situação, justamente porque eu não tive isso. Sempre gosto de dizer que existe vida após o diagnóstico, por mais duro que ele seja, e é! Mas é possível sairmos daquele buraco fundo e escuro que eu mencionei antes, basta enxergar a luz no fim do túnel e batalhar com muito amor, paciência e perseverança e os resultados virão! Mas não adianta isso tudo vir da boca pra fora, precisa vir do coração mesmo, da alma até! Eu estou LONGE de ser uma pessoa paciente, mas estou aprendendo a me controlar e posso dizer que estou bem melhor do que era antes.


Não existe nenhuma fórmula pronta, o aprendizado deles vem junto com o nosso. Tudo é feito na tentativa e erro, não tem jeito. Não temos como saber o que vai funcionar se não tentarmos e então, veremos o que vai funcionar melhor e o que precisa ser mudado ou excluído. Tenho muitas coisas para falar, mas este post já está longo demais rsrs Prometo voltar e falar mais um pouco sobre o que faço com o Matheus em casa, mas termino dizendo aqui: ACREDITEM NO POTENCIAL DO SEUS FILHOS! Eles podem não falar, mas entendem tudo, principalmente um sentimento de tristeza, de angústia ou de irritação. Eles podem aprender tudo, mesmo sem conseguir verbalizar! Não tentem curar seus filhos, tentem somente ajudá-los a crescerem felizes e inseri-los dentro do mundo e o mundo dentro deles!


Beijos!



















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