Então é (quase) Natal...
Eis a questão de todos os anos por aqui... O que dar de Natal pro Matheus? O que o "Papai Noel" vai dar de Natal pro Matheus? Ele não liga muito pra brinquedos, não tem uma preferência específica e também nunca expressou vontade de pedir algo pro Papai Noel, então todos os anos, eu e o papai escolhíamos por ele, algo que achávamos que ele ia gostar. Ele gosta muito de pelúcias, dorme com várias na cama e também gosta de bonequinhos. Mas nada ganha da tecnologia, seja pelo celular, tablet ou videogame, só que não quero reforçar mais isso nele, eu quero dar opções de brinquedos de criança mesmo, pra ele poder realmente brincar e sair um pouco desse mundo virtual e com isso, ir diminuindo as estereotipias vocais por conta do que ele assiste.
Então resolvemos fazer diferente neste ano: Nós os levamos na loja de brinquedos do shopping, para ele olhar os brinquedos da loja e poder fazer a escolha dele, fosse o que fosse: uma caneta, uma pelúcia ou uma bicicleta. Pra ajudar nesse contexto todo, ao chegar ao shopping, demos de cara com o bom velhinho sentado em sua poltrona. Olhei pro marido e ele disse "Vamos esperar pra ver se eles pedem". E dito e feito, os dois quiseram falar com o Papai Noel e tirar a tradicional foto de todos os anos. Pensei que nesse momento já seria o primeiro passo para o Matheus poder entender que ele viu o Papai Noel e então na loja, poderia escolher o que o velhinho daria de presente para ele e em casa, escreveríamos a famosa cartinha. Não poderia ser melhor!
Fomos para a loja. Decidimos deixar ele poder olhar tudo e escolher o que mais lhe agradasse. Mas aí, nos deparamos com um probleminha: ele queria levar na hora... Como fazer pra explicar que a gente não ia comprar naquele momento? Que era o Papai Noel que vai trazer na noite de Natal? Conversamos e lembramos que ele e o Gabriel haviam conversado momentos antes com o Papai Noel e o que ele estava escolhendo, a gente não ia comprar pra ele. Ele ameaçou gritar, chorar, deu aquela respirada funda... Olhei pra ele e disse pra continuarmos olhando tudo o que tinha na loja e ele foi se acalmando. Então falei pro marido que era melhor não sairmos da loja "de mãos abanando" e deixamos que ele e o Gabriel escolhessem algo pequeno, só pra satisfazê-los. E funcionou!
Eles saíram da loja e eu inventei que precisava ir ao banheiro, para eles irem pro carro me esperar. Quando eles sumiram de vista, voltei à loja e comprei os presentes do Papai Noel (ou Mamãe Noel também hahaha!) e escondi no porta malas, levando para a casa da vovó no dia seguinte. E chegando em casa, ajudei ele a escrever a cartinha com o pedido dele! Fui ditando o que era pra ele escrever e então a cartinha ficou pronta!
Fiquei lembrando do relato do Marcos Mion no ano passado, quando seu filho escolheu de presente, uma escova de dentes azul. E ele e a esposa, ao invés de inventarem algum presente caro, ou que fizesse "mais sentido" para o momento, respeitaram a decisão do filho e deram a tão esperada escova de dentes azul! É esse o sentido: respeitar as escolhas e as vontades deles! Claro que estamos caminhando juntos e tendo o dever de ensinar, educar e mostrar as coisas do mundo a eles, do jeitinho que eles possam compreender. Mas respeitar limites e vontades é fundamental!
Se eu posso dar um conselho a todos: respeito é a palavra chave. E junto com ele, vem a aceitação, o amor, o carinho, a paciência e a perseverança. As coisas não acontecem de uma hora para outra, as coisas não acontecem sem esforço, sem trabalho, sem carinho e sem paciência. Não estou dizendo que devemos ser perfeitos, pois isso não existe. Mas sim, de abrirmos os nossos corações e mentes e observar a criança autista como qualquer criança, que tem suas vontades, suas preferências e que só querem se sentir felizes e amparadas!
Deixo aqui o registro desse passeio no shopping e a produção da cartinha do meu príncipe!